O que é feminismo 8 - Ideologia
Branca Moreira Alves
Jacqueline Pitanguy
Circunscrevendo
a sexualidade feminina e determinando uma posição social inferiorizada para a
mulher, existe todo um conjunto de idéias, de imagens, de crenças, que
legitima, perpetua e reproduz a hierarquização de papéis sexuais. Mascara,
dessa forma, o seu conteúdo cultural em nome de aspectos naturais que se fundamentam
na biologia.
O
movimento feminista vem travando uma luta no sentido de denunciar os conceitos
de “masculino” e “feminino” na sua oposição de “superior” e “inferior”. Esta
hierarquização entre o masculino – “superior” – e o feminino – “inferior” – é
uma construção ideológica e não o reflexo da diferenciação biológica. Esta
diferenciação não implica em desigualdade.
A
mesma ideologia que interdita o exercício da sexualidade feminina, restringe as
potencialidades do desenvolvimento da mulher, colocando-a, na prática, numa
posição desigual frente ao homem. Essa ideologia é transmitida, desde muito
cedo, pela família, escola, meios de comunicação, religião, literatura e outros
agentes socializadores.
O
movimento feminista procura, portanto, através de uma nova ação pedagógica,
demonstrar como os livros didáticos reproduzem a imagem tradicional da mulher e
confirmam a diferenciação de papéis tanto no lar quanto na esfera profissional:
a mulher costura ou cozinha ou varre, o homem lê o jornal; a mulher é
enfermeira ou secretária, o homem, médico ou executivo. Demonstrar como as
histórias infantis também reproduzem os papéis diferenciados: a mulher é
passiva, espera que o homem, ativo, a “salve”; é passivamente dada em casamento
como prêmio, sem que se cogite de sua vontade. Demonstrar como a publicidade
reforça esta divisão sexual dos papéis sociais, além de manipular o corpo da
mulher enquanto objeto de consumo. O que se procura, em suma, é denunciar, desvendar
e transformar a construção social da imagem da mulher.
A
própria mulher desenvolve um papel importantíssimo, enquanto mãe e professora,
na transmissão desses valores tradicionais e, portanto, na sua perpetuação.
Dessa forma, a superação do machismo na educação tem sido uma das principais
metas do movimento feminista

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