Desconversão
2.1 – Oração e Prece
Quando eu era pequeno, eu via a
prece como uma maneira de pedir a Deus que me desse coisas que eu necessitava,
como coragem ou que qualquer circunstância ruim fosse alterada, como pedir para
que valentões me deixassem em paz. Eu também, é claro, rezava para pedir
algumas coisas mais bobas, que qualquer criança pequena rezaria, como desejar
que eu fosse um robô ou para que deus me ajudasse a amarrar meus sapatos ou
orando para que deus ajudasse eu e meu primo a construir uma espaçonave de
madeira e nos ajudasse a voar para a lua.
Cedo ou tarde, todo cristão
aprende que a prece intercessora nem sempre funciona. Por exemplo,
frequentemente você reza para que algo ocorra e não acontece. Às vezes acontece
mais tarde, ás vezes acontece muito mais tarde e ás vezes nunca acontece.
Frequentemente em minha vida, eu descobri que a probabilidade de uma prece ser
atendida é diretamente proporcional a possibilidade de ela ser atendida sem
nenhuma prece.
Para justificar isso, a medida que
eu fui crescendo, eu comecei a pedir por coisas que era mais provável de
acontecer. Por exemplo, ao invés de pedir para que Deus me transformasse em um
robô ou me desse superpoderes, eu pedia para deus me ajudar na lição de casa,
pedir para me ajudar a lidar com certas emoções, ajuda para uma amigo em
circunstâncias difíceis. Essas eram coisas que eu sabia que possivelmente aconteceriam
de qualquer maneira, mas eu achava que pedir para Deus talvez virasse a sorte
ao meu favor. E também eu teorizava que se eu não pedisse por elas, deus não
deixaria que elas acontecessem, pelo fato do pedido parecer improvável. Às
vezes eu ficava irritado com a situação de pensar que alguma coisa boa com
certeza iria acontecer comigo, mas apenas para me desapontar depois por não ter
tido ocorrido e se eu não tivesse rezado, eu algumas vezes pensava que tinha
sido por eu não ter rezado.
Entretanto, eventualmente, mesmo
esse tipo de prece intercessora me pareceu ultrapassada devido a uma
perturbadora descoberta sobre a natureza de Deus: Sua Onisciência.
Se deus já sabia e tudo antes de
acontecer e colocou todos os eventos do universo em andamento, não existe
absolutamente nada que eu pudesse pedir que ele já não soubesse. E mesmo que eu
pedisse ele não poderia responder, pois isso entraria diretamente em conflito
com o livre árbitro, ou seja, Deus interferindo no que ele disse que não
interferiria.
Mais ainda, se ele é onisciente,
todo bondoso e tinha um plano pra mim, então porque diabos na terra eu estaria
me colocando no assento de motorista?
O que eu realmente precisava
fazer, era tentar descobrir o seu desejo para minha vida. Se Deus era onisciente,
então ele já teria me dado todas as ferramentas que eu necessitava para
resolver qualquer problema que eu tivesse, era minha responsabilidade encontrar
essas ferramentas e sua vontade para como eu deveria usá-la, mas não para mim,
dizer a Ele quais ferramentas eu necessitaria e como eu pensava que eu deveria
usá-las. Então, nessa descoberta, eu descartei a necessidade da prece
intercessora.
Eu me submeti ao máximo que era
mentalmente e fisicamente possível para buscar e executar o que eu sentia que
era o desejo de Deus, prece para mim, se tornou o propósito de descobrir o que
Deus desejava e me conectar com Deus pessoalmente e emocionalmente, como um pai
divino e amigo.
Em termos de minha concepção de
Deus, isso teve o efeito de me afastar da prece intercessora e ir em direção ao
meu relacionamento pessoal e experiência com Deus. Uma coisa eu quero que
observe, que essa mudança completa ocorreu dentro de minha visão cristã de
mundo. Este é um ponto importante, porque isso ressalta que minha eventual transformação
para o ateísmo, levou anos e por muito tempo em que isso ocorria eu nem me dava
conta de que acontecia (inconsciente: https://www.youtube.com/watch?v=cthix070SA8).
Da minha perspectiva, eu só estava
acumulando conhecimento, seguindo a verdade e aprendendo sobre o mundo como
qualquer bom estudante ou alguém que sirva a Deus deveria fazer. Eu nunca
pensei que nada do que eu estava aprendendo ou pensando, eventualmente me
levaria a duvidar da existência de Deus. Como Ateu, eu mais tarde descobri um
estudo profundo, sobre a oração intercessora envolvendo 1800 pacientes que
tinham feito cirurgia cardíaca (eis o link da pesquisa: http://www.nytimes.com/2006/03/31/health/31pray.html?_r=0).
O estudo não encontrou efeitos
positivos nos pacientes para os quais se havia rezado. Mesmo como ateu os
resultados me surpreenderam. Apesar da
minha decisão como cristão, de usar a prece apenas para encontrar a vontade de
Deus, eu suspeitava que a prece intercessora tinha um efeito positivo, pelo
menos psicologicamente, só de saber que havia alguém rezando por você,
independente se suas preces tinham algum poder metafísico, surpreendentemente,
o estudo descobriu que as pessoas que sabiam que estavam recebendo orações, na
verdade tiveram mais complicações posteriores a cirurgia, do que aqueles que
não sabiam.
Antes de eu me dar conta da minha
descoberta sobre a onisciência de Deus, eu fui persuadido por um argumento da
validade da prece, sob a forma de como Deus responde as preces.
Frequentemente se diz, que Deus
responde as preces sob a forma de ‘Sim’, ‘Não’ e ‘Espere’. Algumas vezes a
resposta mais difícil de aceitar é o ‘Espere’.
Em um vídeo brilhante e também de
certa forma arrogante o usuário GIIVídeo, demonstrou usando um exemplo
inteligente (eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=jk6ILZAaAMI&src_vid=lJM1MC7HWdA&feature=iv&annotation_id=annotation_479358)
como essa heurística pode ser completamente psicológica, sem um Deus para de
fato ouvir nenhuma prece.
Para fazer isso, ele apresenta um
argumento hipotético, onde ao invés de rezar para Deus, reze para um Jarro de
Leite.
O Jarro de leite responde as
preces sob a forma de ‘Sim’, ‘Não’ e ‘Espere. Assuma que você rezou para o
Jarro de Leite pedindo 1000 mil reais e ele lhe pede para esperar e ver o que
ocorre. É apresentado 3 diferentes cenários:
1.
Cenário: Do nada, você recebe um cheque de 1000
mil reais da restituição do Imposto de Renda. E ele diz: Viu o Jarro de Leite
Respondeu a sua prece.
2.
Cenário: Muitas semanas depois, do nada, você
recebe um aumento do dissídio que acaba por aumentar o seu salário em 80 reais
por mês cerca de 1200 reais em um ano. E eles dizem: Viu, O jarro de Leite
respondei a sua prece, você só tinha que esperar.
3.
Cenário: Nada acontece por seis meses e você
pergunta o porque, ele diz: Você tem que confiar que o Jarro de Leitet sabe o
que é melhor pra você. Sejamos pacientes.
Fica claro como todos esses
cenários, podem ser aplicados a uma prece a Deus ou a uma prece a um Jarro de
Leite ou a uma oração a qualquer coisa.
Infelizmente, por mais
encorajadora seja a heurística do ‘Sim’, ‘Não’ e ‘Espere’, ela pode funcionar
sem que nada esteja respondendo suas preces, mas eu quero enfatizar que foi uma
decisão minha, que foi pelo meu respeito ao supremo poder de Deus sobre minha
vida que foi o motivo pessoal a abandonar a prática da prece intercessora.
Fonte : https://www.youtube.com/watch?v=lJM1MC7HWdA&list=PLE52F68C338CFF46E
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