Desconversão
2.4 1 – A bíblia – Parte II
Após passar 1 ano, o lado
perturbador sobre a validade da bíblia desapareceu de minha mente, mas somente
porque eu parei e evitei pensar na bíblia e em seus erros. E ao invés de eu
focar em expandir meu conhecimento do mundo, das experiências como meu curso de
Ética e debater com ateus sobre a validade do livro de Schroeder nos fóruns que
eu frequentava, eu ainda acreditava que a Bíblia era definitivamente
inspiradas, mesmo eu não existindo maneira de averiguar essa frase.
Mesmo que houvesse alguns erros na
bíblia, eu estava confiante de que no geral era uma espetacular fonte de
conhecimento.
O professor não compartilhava
minha crença, ele dizia:
‘O Gênesis é demonstravelmente
errado com respeito a coisas fundamentais como a alegada ordem da criação
e além de duas ordens diferentes serem
apresentadas, mas isso faz pouca diferença para aqueles que não tem uma
percepção lógica ou não são possuem o conhecimento adequado para averiguar o
livro. Por exemplo, eu tenho bons amigos, que tem extensa formação que
acreditam em uma verdade literal do dilúvio universal no tempo de Noé, apesar
do fato de existirem 35 mil espécies só de aranhas, com provavelmente a mesma
quantidade por aí esperando para ser descoberta.
O velho testamento, também
conflita com o bom senso para aqueles que o tem, mesmo em meio a observações
óbvias, onde a maior inteligência do universo, provavelmente viria com uma
melhor solução para jovens que zombavam de um profeta sobre sua perda de
cabelo, do que pegar ursas da floresta para desmembra-los em II Reis 2:24.
Claro que a concepção israelita de
Deus que ordenou que Moisés assassinasse todas as crianças cananeias que não se
qualificaria razoavelmente como sendo uma alta inteligência.’
Havia um tempo em que os
versículos como esses sobre matanças não me faziam parar. Eu me preocupava com
essa perspectiva do Velho Testamento e eu correria para atender um chamado de
Deus para MATAR por Ele. Para matar qualquer coisa ou qualquer pessoa que ele
demandasse que fosse morto, mesmo uma criança se fosse me pedido, pois é isso
que a verdadeira obediência exige. E mesmo assim, no fundo de minha mente eu
sempre me senti desconfortável com esses versículos e os evitava, assim como
dentro das religiões eles evitam falar sobre esses versículos, desta forma fica
simples de seguir a um Deus.
Eu não podia explicar esses
versículos. Mesmo em um tempo de minha vida, onde eu tranquilamente aceitava
esses versículos, com uma inabalável obediência, alguma coisa parecia errada
sobre esses versículos, mas eu fazia de tudo para que está sensação fosse
embora. Eu que com frequência defendia a verdade, estava fugindo da verdade
para que meu desejo emocional fosse saciado.
Se essa era a palavra de Deus, eu
justificava minha posição com a pergunta:
Se está é a palavra de Deus, quem
sou eu para questioná-la?
Essa era a maior negação que eu
tinha sobre qualquer objeção levantada sobre a Bíblia. Eu me escondia por trás
de minha ignorância, arrogância. Desta forma eu seguia a religião ignorante
pontos cruciais que me afastavam da verdade a cada dia.
Eu dizia para mim mesmo que Deus
havia escrito este livro, tem que estar certo de alguma maneira e nós temos que
segui-la, independente do que esteja ali dentro. Era minha crença de que a
bíblia tinha sido revelada para cada um de seus escritores individualmente em
cada livro, por uma revelação cheia de sabedoria e livre de erros. Não havia
necessidade de edição por autores posteriores ou mesmo necessidade de pensar
pelos primeiros autores.
Essas palavras foram comunicadas
diretamente da mente de Deus para os homens que escreveram a bíblia. Era isso
que eu pensava que fazia a bíblia ser tão diferente de outros livros. Era isso
que a fazia sagrada, acima de qualquer outro livro existente ou que poderia vir
a existir.
Era também minha crença que a
Bíblia, era a única fonte na época em que ela foi escrita. Era minha crença que
a Bíblia nos foi passada através das eras, inalterado e perfeitamente intacta
como diversos pastores, padres e apologistas dizem. E como a única fonte de seu
tempo, nós não tínhamos razão para pensar que ela não tinha sido divinamente
inspirada.
Eu acreditava que era uma mistério
da academia, saber como, quando e onde a Bíblia tinha sido escrito.
Quando eu era jovem, os pastores
sempre falavam que cientistas ou outras pessoas inteligentes que tentavam
provar que a Bíblia estava errada, sempre terminavam provando que a bíblia
estava certa e se tornavam cristãos. Essas histórias me enchiam com um
sentimento de alegria e exultação de que eu era privilegiado de saber a
verdade.
De repente o professor me contava
uma história diferente, ele me disse que mostraram com ampla documentação, como
a bíblia foi escrita. Ele também me indicou um livro intitulado ‘Alguns erros
de Moisés’, o que eu assumi que eram erros de Moisés em escrever a Torá, mas eu
argumentei, que o fato de Moisés ter cometido erros em escrever a Torá, isso
não implica que tudo que ele escreveu é um mito. Em minha inocência, em minha
cegueira, eu não conseguia ver o óbvio diante de meus olhos. Meus olhos estavam
cegos para a verdade, por mais que ela estivesse debaixo de meu nariz o tempo
todo.
Eu continuei a questionar, e como
eu seu que a história da Torre de Babel não foi mal traduzida¿ Como você é
professor e sabe Hebreu, você pode provavelmente me dizer!
Gerald Schroeder revelou que
muitas passagens da Bíblia, poderiam ser entendidas em termos científicos com a
tradução apropriada do hebreu original. O professor respondeu:
‘Chris, a torá não foi escrita por
Moisés, nem por uma só pessoa. Também não é um problema de tradução. A Criação
de uma ilusão, por manipulação histórica é o problema. ‘
Essas frases me deixaram
perplexos, eu nunca tinha ouvido algo assim antes em minha vida. Ainda assim,
ele era o professor de Linguística, que sabia hebreu, dizendo que a história
não foi mal traduzida, e ainda mais, ele dizia que a bíblia foi escrita de uma
maneira que intencionalmente manipula a história, e ele me deu fontes com
evidências para essas informações.
As sentenças me atingiram com uma
gigantesca quantidade de incerteza, como as que falavam como a torá foi
escrita. Eu aprendi depois que o que o professor estava falando, era chamado de
Hipótese Documental (eis o link http://en.wikipedia.org/wiki/Documentary_hypothesis
).
Essa hipótese afirmava que a Torá
foi escrita por pelo menos 5 autores diferentes. De acordo com ‘A Bíblia com
fontes Reveladas’ pelo estudioso bíblico Richard Friedman. Cada um desses
autores pode ser identificado por 6 peças de evidencias independentes do texto
em hebreu da Torá.
Ø
O dialeto Linguístico do hebreu usado por cada
autor, cada um desses dialetos é separado por décadas de evolução linguística.
Ø
A terminologia de Expressões únicas usadas por
cada um dos autores.
Ø
O Tipo de conteúdo que cada um escolheu incluir.
Ø
A narrativa contínua e suave de cada autor em
uma única história, quando a história dos outros autores são removidas.
Ø
As conexões que podem ser feitas entre um autor
e o autor bíblico, que se acreditava viveram na mesma época.
Ø
Os Objetivos políticos que se pode inferir de um
autor que dão dicas de que época eles de fato viviam.
Todas as 6 fontes convergem para
coincidir com cada ator de forma individual.
Eu estava um pouco atônito com as
frases do professor, mas eu ainda estava cético, como eu iria saber se não era
apenas a opinião do professor? Ele respondeu:
‘Chris, existem poucas coisas
nesse mundo que não são opiniões, mas existe uma diferença entre opiniões
normais e opiniões informadas. Algumas opiniões tem uma qualidade maior do que
outras. ‘
Eu percebi que ele estava certo.
Eu estava defendendo meu
cristianismo como se ele fosse correto por ser correto. Como se eu pudesse
assumir que era verdade a menos que alguém provasse que era falso com alguma
evidência. Mas eu estava começando a perceber
que minhas crenças pessoais e em particular, minhas crenças na origem
bíblica, eram apenas OPINIÕES.
E ao contrário das opiniões dos
estudiosos a qual o professor se referia em seu comentário, minhas opiniões não
eram baseadas em evidência direta. De fato, comparado com o que o professor
sabia, minhas opiniões a respeito da Bíblia eram baseadas em ‘OUVI DIZER’ e
suposições. Sempre me disseram isso e aquilo, e criei minha opinião a partir
daí, talvez por ser criança essa crenças foram bem mais difundidas, já que
crianças não questionam apenas seguem o que lhe dizem para seguir.
Na escola dominical sempre nos foi
dito que a Torá havia sido escrita por Moisés. Ninguém nunca me mostrou
referências do texto em hebraico para suportar a opinião que estavam dizendo.
Eles simplesmente aceitavam como ‘verdade’ sem qualquer forma de evidenciaram o
que estavam aceitando e dizendo.
Ninguém nas escolas e religiões me
falaram de pesquisas arqueológicas ou críticas contrárias.
Nada em minha crença e opiniões
era científico. Era apenas opiniões sem qualquer evidência.
Eu nem mesmo sabia que existem
argumentos científicos que poderiam ser feitos a respeito das origens bíblicas!
E duvido muito, que a maioria dos religiosos sabem disso.
Eu sempre assumi que era tudo um
mistério para todos, mas agora o professor estava mostrando o quão profundas e
fatais suposições eram, e como levava para o abismo da ignorância e arrogância.
Eu vinha assumindo um monte de coisas, e eu não sabia que existiam respostas
acadêmicas para os meus mistérios, que deixaram de ser misterioso como um todo.
E se a bíblia foi realmente escrita dessa maneira, eu estava tendo cada vez
mais dificuldades para justificar o porque ela era divinamente inspirada e
outros livros não eram.
Se múltiplos autores escreveram e
editaram a Torá. Pensaram, construíram, selecionaram, combinaram e compararam
textos, então isso é uma forte evidência de que eles estavam pensando. E se
eles estavam pensando sobre o que estavam escrevendo, então o que faria a composição
da Bíblia, ser diferente de qualquer trabalho científico, documentos legais e
livros de ficção?
Minha confiança na composição
divina da bíblia e sua inspiração, fora comprometida ao ponto de que eu não
podia confiantemente usá-la como evidência contra os argumentos do professor.
Mas, mesmo se a Bíblia não fosse a palavra de Deus, isso não significa que Deus
em si não exista. Muito longe disso. Eu sabia que Deus era real. Eu Falei com
Deus pessoalmente! Foi Deus que me levou a essa conversa com o professor e eu
vou provar para ele que estava certo.
Então, em minha cegueira pessoal para não negar minha crença, por um
esforço pessoal, eu ceguei meus olhos mais uma vez para o óbvio.
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