Desconversão
2.5 1 – Relacionamento Pessoal Com Deus – Parte II
Foi com essa profunda paixão que
crescia em significado, que eu senti por toda minha vida, que eu expressei em
uma única sentença, a profunda realidade experimental, que eu sentia que a presença
de Deus tinha sido em minha vida. Apesar de qualquer coisa que o professor
estivesse dizendo sobre a Bíblia, mesmo se toda a bíblia for um mito, isso não
afeta o fato de que eu me comuniquei com a mente por trás dessa existência e
que eu chamo essa entidade de Deus.
Se eu cheguei a ele através de uma
ilusão, então foi para o bem maior, porque Ele usou essa ilusão para me levar
até Ele. Mesmo que está ilusão tenha sido feita por criadores humano.
A resposta do professor para essa
significante afirmação foi:
‘Essa é uma sentença muito
profunda e belamente escrita.’
Ninguém havia respondido as minhas afirmações
de fé dessa maneira, em toda minha vida eu experimentei um de dois extremos, ou
as pessoas concordavam completamente com a minha frase e compartilhavam todo o
seu amor e a experiência de Deus comigo, ou as pessoas desconsideravam a minha
afirmação, diziam que era porcaria e me chamavam de iludido.
De uma única vez, o professor deu
a minha fé o sincero respeito e negou a intenção de seu poder.
‘Essa é uma sentença muito
profunda e belamente escrita. Mas talvez seja tudo o que ela é. ’
Eu de repente encarei a
possibilidade, de que a minha percepção de Deus fosse SÓ Beleza. Como uma peça
de arte cuidadosamente construída, como palavras cuidadosamente construídas.
Talvez a beleza fosse tudo que Ele era, como um poema ou uma história que era
profundamente comovente mas não verdadeira.
O professor foi capaz de mostrar
respeito pelo poder da minha crença, sem que ele acreditasse nela.
Essa
resposta era duas coisas, nova e profundamente perturbadora para mim. Mas eu
não devia desistir, eu sabia que Deus era real e eu sabia que Ele me salvaria
até das conclusões mais perturbadoras. Eu sei que mesmo que eu acabei caindo e
queimando no conhecimento que você me disse, Deus iria me Levantar. O professor
respondeu, ainda tentando me desencorajar de continuar conversando com ele:
‘Mas Chris, essa é exatamente o
tipo de Fé que vai desintegrar-se, se você continuar procurando. O seu inteiro
universo de valores e percepções podem ser destruídos. ‘
Eu respondi perseverar sem ver é
exatamente o que significa fé. Também o professor não sabia que falar com ele
era tudo o que eu tinha. Se eu voltasse eu só estaria retornando para a minha
incrivelmente vazia vida na igreja e esperando uma conexão com Deus.
Essa conversa se tornou a minha única linha vital para comunicar-se com
aquela paixão. Era a única maneira de eu ver a face de Deus novamente, eu não
pararia. Eu não tinha escolha. Essa conversa era a única maneira de eu ver a
vontade de Deus, e então o professor finalmente desistiu, plenamente e
completamente, a minha busca para que me dissesse em totalidade o que ele
pensava de Deus.
Ei fiquei forte. Certo de que Deus
me Resgataria de alguma maneira. Certo de que Deus me mostraria algo que o
professor já não tivesse visto.
Por 4 dias intensos, eu lutei com
suas crenças. Eu tentei encontrar furos em seus argumentos e experiência. Eu
tentei falar coisas sobre Deus que ele nunca ouvira antes, mas falhei. Nada que
eu disse parecia convencê-lo.
Para cada furo que eu tentava
encontrar em sua lógica, ele revelava cinco novas na minha. O que era mais
desconcertante para mim, é que minhas afirmações originais de fé, não pareciam
ter nenhum efeito em suas crenças.
O Espírito Santo não parecia estar
alcançando o professor através de mim, apesar da sua mente aberta e honesta.
Isso era mais uma evidência de que talvez minha experiência com o Espirito
Santo tivesse sido vazia e imaginada.
Isso me fez pensar por um momento.
Eu ignorei o pensamento e segui na batalha, certo de que minha fé me salvaria.
Eu disse a ele que eu estava
tentando lutar contra 65 anos de experiência, para encontrar falhas em sua
argumentação, e isso era extremamente difícil. Ele me disse que o que eu estava
tentando fazer era improdutivo. Ele me disse então que dado o fato de que ele
claramente era mais educado e experiente com esses assuntos, que eu deveria
sentar, relaxar e tomar notas.
Eu precisava entende-lo antes de
achar que eu teria qualquer base para dissecar as suas crenças. Eu concordei
com ele.
Então, eu sentei, relaxei e ouvi
sem interromper, ao que o professor tinha a dizer antes de tentar refutá-lo.
Então ele começou:
‘O conceito de Deus é intrincado e
profundo. Se fosse real, teria drásticas consequências para o mundo em que
vivemos, mas em toda a academia, em todas as disciplinas, não encontramos
qualquer razão para acreditar que seja algo mais que um conceito. Dado o que
sabemos, Deus é SÓ um conceito.’
As palavras do professor ecoavam
os sentimentos do filósofo Jean Baudrillard. Cujo trabalho eu encontrei poucos
meses antes.
Baudrillard define o termo
Simulacro, como algo que é somente uma imagem de algo real ou imaginário, mas
que se interage como se ele realmente fosse aquilo que representa.
Essa realidade pode ser chamada de
simulação do que é a interação real com a coisa real seria. Então por exemplo,
se alguém usa um pingente e acredita que ele dá sorte, o pingente físico virou
um simulacro de um pingente mágico. Para quem o usa, ele representa a imagem de
um pingente mágico e é tratado diretamente como se ele fosse mágico.
Quando uma pessoa acredita que o
pingente lhe traz sorte, então está simulando a experiência de que o pingente é
mágico. O pingente físico pode ser completamente mundano e não ter propriedades
mágicas de qualquer espécie, mas para quem o usa, está simulando uma
experiência mágica em sua mente. Muito embora o pingente ser algo nada mágico,
mas através de eventos afortunados são percebidos como sendo seu poder mágico
fazendo acontecer esses eventos afortunados.
Alguém pode pensar o mesmo de
imagens e ídolos para quais reza que são representações diretas de deuses.
Podendo ser fotografias, pertences ou lembranças de amados que faleceram. Há
pessoas que falam com eles como se eles tivessem de fato a consciência do que
se espera.
De acordo com Baudrillard e o
professor, Deus em si como experimentado pelos religiosos, seria outro
simulacro, uma imagem, representando um conceito de um ser supremo e
sobrenatural.
Os religiosos simulam a
experiência desse ser supremo em suas mentes, interpretando assim o que de
outra maneira seriam eventos naturais. Mas essa experiência não envolve um ser
supremo atuando neles de forma alguma. Assim quando eu experimento emoções
profundas daquilo que eu percebo ser o Espirito Santo, eu estava de acordo com
Baudrillard somente simulando, subconsciente em minha mente como eu me sentiria
como se o Espirito Santo de fato estivesse dentro de mim.
Eu experimentei emoções
verdadeiras, mas elas eram respostas a uma experiência simulada. Ela parecia
real porque minha mente a tornava real. Os nossos cérebros aparentemente são
profundamente adaptados para criar simulações para nossa consciência experimentar.
‘O que eu posso dizer com base na
literatura’, continuou o professor. ‘A principal função psicológica de um
conceito de Deus pessoal é dar ao crente um pai substituto. Algumas mentes são
capazes de se livrarem de figuras paternais outras não podem ou caem em
comportamentos destrutivos sem elas. Mentes nessa categoria, dependem da
religião.
O conceito de Deus é útil para
motivas e pacificar os outros, mas não é uma realidade que você ou eu devemos
aceitar para nós.’
Ao ler a resposta do professor, eu
não iria aceitar essas hipóteses sem critica-las e checa-las por mim mesmo. Eu
realmente fiquei com o pé atrás com essa linha de raciocínio. Eu nunca pensei
muito sobre a possibilidade psicológica, pudesse explicar MINHA HISTÓRIA COM
DEUS. Agora que o professor demonstrou a relevância da psicologia, essa linha
de raciocínio ficou tão óbvia para mim, que foi DEVASTADOR.
Será que a voz de Deus que eu ouvi
toda minha vida era a minha própria voz?Era minha proporia mente que estava
por trás dessas profundas frases? Foi minha própria mente que
subconscientemente me fez crer que Deus me direcionou para essa conversa? Foi
cada imagem ou voz que eu vi ou ouvi, resultado da minha própria imaginação e
raciocínio ?
Será que meu relacionamento com
Deus estava de repente falhando, porque a simulação estava quebrando¿ Todos os
conceitos de Deus eram só ilusões ?
Essa possibilidade eram um tanto
amedrontadoras como devastadoras. Mas eu decidi não desistir assim tão
facilmente. Eu ainda tinha tantas outras razoes para crer em Deus. Não tinha ?
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