Desconversão
2.6 – Final
‘Chris’, disse o professor, ‘você
vê como é possível? que tudo isso, que toda a história da religião, toda a
história do mundo, toda história do universo, e toda sua vida religiosa,
poderiam ter acontecido, sem Deus de fato existir?’
Enquanto eu lia está pergunta, a
minha mente passava pelos argumentos que eu havia usado para crer em Deus
durante toda a minha vida. Eu sempre assumi a razão pela qual as minhas preces
intercessoras, não eram respondidas em uma frequência sobrenatural era porque
as preces intervenientes contradizem a onisciência divina. Eu assumi que um
Deus onisciente já sabia o que era melhor para mim, então era EU que tinha que
ouvi-lo e não o contrário.
Entretanto, eu podia ver como
seria possível que as minhas preces intercessoras não serem respondidas porque
simplesmente não havia Deus lá para responde-las. Eu sempre assumi que moralidade era
independente de Deus porque de outra forma moralidade seria uma expressão sem
sentido, expressando apenas as opiniões de Deus porque se isso fosse verdade,
Deus poderia comandar coisas como estupro, assassinato e abuso infantil e elas
se tornariam morais.
Eu sempre assumi que nós
descobriríamos a moralidade pela razão e experiência porque deus nos deus essa
capacidade. Eu assumi que Deus teria feito nossa responsabilidade, usar esses
dons para descobrir o que é certo.
Entretanto eu podia ver como era
possível que as questões de ética e moralidade que eu aprendi, em minha aula de
ética secular, eram independentes do conceito de Deus porque simplesmente não
existia um Deus. Eu sempre assumi que a razão que eu não encontrava em devotos
cristãos se tornavam ateus mais tarde era porque nenhum verdadeiro cristão que
tivesse visto o poder de Deus com seus próprios olhos, jamais poderia ser
tornar ateu.
Eu sempre assumi que ateus não
eram verdadeiros ex - cristãos ao invés disso era pessoas ignorantes sobre a
Bíblia e do que é realmente ser um cristão. Entretanto o professor sabia mais
sobre a bíblia do que eu e claramente entendia cada aspecto da minha vida
cristã que eu compartilhei com ele. Ele havia sido um cristão devoto, tão
confiante da sua própria fé como eu era da minha, até que ele conheceu Ramón
Menéndez Pidal. O professor era alguém que claramente tinha sido um cristão
verdadeiro, e claramente e completamente entendia o cristianismo e ainda assim,
através da pesquisa e investigação, rejeitou o cristianismo.
Então, sem dúvidas, eu via como
era possível que a razão de tanta gente ser cristã não é que eles soubessem de
que realmente havia um Deus, mas simplesmente porque eles não sabiam das coisas
que o professor mostrou.
Eu sempre assumi que as origens da
Bíblia não fossem sabidas pela academia, e que não teríamos razão para duvidar,
que ela inspirada por Deus. Entretanto através da hipótese Documental, o
professor me mostrou que a Academia fez um estudo bem documentado e
profundo nas origens da bíblia, E
chegaram a um consenso em quanto dela foi montada usando raciocínio humano.
Entre as evidências que eles
encontraram, está um conjunto claro de objetivos políticos, que serviam a
propósitos humanos.
Então eu podia ver como era
possível, que não houvesse um Deus inspirando eles e que a Bíblia fosse obra
apenas do raciocínio humano. Eu vejo como é possível que eles achassem que Deus
pudesse ter inspirado eles, quando na realidade eles estivessem
subconscientemente projetando as próprias crenças com aquilo que eles percebiam
como Deus em suas próprias mentes.
Eu sempre assumi que as minhas
experiências pessoais de um relacionamento com Deus, eram evidência
irrefutáveis ou percepções de um Deus. Entretanto eu vejo agora como essas
experiências poderiam ser explicadas facilmente, como o resultado da minha
própria psicologia.
Eu podia ver como era possível que
eu estivesse executando uma simulação de Deus em minha própria mente. E de
ambos a Bíblia e o conceito de Deus, vieram de ORIGENS humanas, então todos os
argumentos lógicos que Schroeder fez em seu livro não se sustentariam. Se essas
coisas vieram de humanos, então os argumentos de Schroeder poderiam ser
facilmente explicados como coincidências, mesmo que eles não aceitem
coincidências ou como o professor disse, poderia ser um raciocínio errado e ele
simplesmente poderia estar errado.
Quando eu verifiquei com calma o
argumento de Schroeder, pude perceber que ele estava equivocado por uma boa
margem considerável da idade real do universo. Então eu podia ver como era
possível, como o argumento de tempo de Schroeder, poderia ser plausível sem
Deus de fato existir.
Eu podia ver como era possível que
a totalidade da criação, existisse sem que Deus de fato existisse. A razão pela
qual eu necessitei do livro de Schroeder para me ajudar e me confortar, era
porque nenhum dos processos que eu aprendi em aulas de física ou biologia pareciam
necessitar de um Deus para funcionar. Então é claro, que eu podia ver como era
possível, que eles simplesmente não precisavam.
Então, SIM, eu posso ver.
Eu posso ver como tudo no universo
pode ser explicável sem um Deus de fato existir. Eu posso ver como todos os
símbolos religiosos e materiais, poderiam se manifestar sem que um Deus exista
de fato. Eu podei ver como tudo poderia ser possível, sem um Deus guiando ou
controlando qualquer coisa.
‘É tudo o que é necessário’, o
professor respondeu.
O que ele quis dizer com isso?
Parecia um erro lógico e óbvio
para mim. Só porque é possível que Deus não exista, isso não significaria que
Deus de fato não existe! Só porque eu consigo ver como tudo poderia acontecer
sem Deus existir de fato, isso não automaticamente significasse que Deus não
existia.
Eu sabia que desde o inicio da
conversa que é possível que Deus não exista, isso não era novidade para mim. E
ainda assim, nos dias seguintes, alguma coisa aconteceu em minha mente.
De alguma maneira caminhando por
cada uma das minhas crenças fundamentais e experiências, e especificamente
serem possíveis sem que de Fato deus existisse. Isso mudou algo sobre minha
perspectiva. De alguma maneira passando por cada detalhe e vendo como eu não
precisava de Deus para explicar nenhuma delas, mudou a maneira como eu via as
coisas.
O que o professor estava colocando
em minha mente era o Conceito da Navalha de Occam.
A Navalha de Occam diz que:
‘Quando confrontando com duas
explicações opostas para o mesmo conjunto de evidências, nossas mentes vão
naturalmente preferir aqueles que fazem o menor número de pressuposições.
Então se um evento ou processo
pode ser explicado sem um elemento superficial, as nossas mentes vão
automaticamente cortar aquele elemento, usando a Navalha de Occam.
Por exemplo, se eu ouço um barulho
no meu armário, de imediato imagino que tem um animal ali dentro, se movendo.
Entretanto se eu abro a porta do armário, eu descubro que uma caixa
precariamente próxima da borda da prateleira e que essa caixa está agora no
chão, eu provavelmente não pensaria que existe mais um animal ali dentro. Mais
ainda, se eu olhasse cuidadosamente no armário com uma lanterna e não achasse o
animal ou qualquer evidência de um animal como pelos ou arranhões ou evidência
de que uma animal escapou de lá, como um buraco na parede, eu provavelmente
pensaria que não há um animal ali.
Em minha mente eu tenho duas
explicações opostas. Uma é que o animal derrubou a caixa do armário causando o
barulho e a outra é que a caixa do armário por causa de processos naturais,
como uma superfície muito lisa e gravidade ou o fato que a prateleira estava um
pouco torta.
Se eu continuar acreditando que um
animal causou o barulho, eu vou ter que assumir coisas para as quais eu não
tenho qualquer evidência.
Por exemplo, eu teria que assumir
coisas como, que o animal tivesse escapado sorrateiramente do armário quando eu
o abri, sem que eu o visse.
A explicação que faz menos
pressuposições e ainda explica as evidências que eu tenho, levam na direção de
que não havia nenhum animal em meu armário. Então a Navalha de Occam seria
automaticamente usada pela minha mente, para cortar o animal da explicação,
como sendo um elemento extra e desnecessário. Um animal não é necessário para
explicar os eventos. Portanto não existe evidências que me motivasse a crer que
havia um animal em meu armário. Ainda seria possível que um animal houvesse
estado lá, mas eu não tenho razões para me motivar a crer nisso.
E o professor estava sugerindo que
o mesmo era verdadeiro em relação a Deus. Tudo o que eu descrevia para o
professor, podia ser explicado usando o mundo natural que todos nós sabemos que
existe. Algumas pessoas insistem em aceitar a resposta sem uma boa motivação
para que essa hipótese existisse. Ainda sim, Deus seria possível existir, mas
isso não quer dizer que ele seria a resposta adequada para explicar o mundo a
meu redor.
Então qual seria a evidência
motivadora que me permitiria adicionar Deus como um elemento extra para a minha
explicação?
Qual evidência motivadora eu tinha
para dizer que era necessário acreditar em Deus?
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