Desconversão
3.4 – O que é a Realidade? - Evidencias
A medida que eu vivia a minha
vida, a medida que eu andava pelo meu dia ocupado, a medida que eu entrava em
conversas que assumiam coisas interessante de como o mundo funciona. Eu me
encontrava com frequência cada vez maior, e começava a dizer:
PARE. E leve um momento para
considerar:
Como eu sei o que é real? Porque
eu acredito no que eu acredito? O que eu tenho justificativas para acreditar?
Sobre qualquer situação, sobre
qualquer tópico, sobre a natureza da realidade em si, o que eu tenho
justificativas para acreditar?
Está pergunta é central a um ramo
da filosofia chamada Epistemologia.
Em 1641 René Descartes tentou
responder a essa questão em um ensaio filosófico chamado ‘Meditações sobre a
Filosofia Primeira’. Ele provavelmente
não foi o primeiro a tentar isso, mas ele é um dos mais famosos.
Descartes começa dizendo que ele
não está justificando em acreditar em nada, ele se livra de todas as crenças:
‘Me livrar de todas as crenças e
adicionar só aqueles que eu possa justificar.’
Ele tem múltiplas razões para esse
primeiro passo. Um é que ele tinha muitas opiniões que ele tinha quando jovem
que mais tarde ele modificou ou descartou com o tempo e com a experiência.
Outra razão, é que quando um sonho as suas experiências são indistintas da
realidade. Assim como ele pode saber que ele não está só em um sonho¿ Desse
ponto Descartes tenta justificar alguma coisa, qualquer coisa, qualquer uma das
suas crenças anteriores. Ele começa afirmando a existência de si mesmo:
‘Eu sou, eu existo’.
Apenas por questionar se ele
existe, ele justifica a crença em sua existência. Ele começa com ‘Eu sou, Eu
existo’, é necessariamente uma sentença verdadeira toda vez que é dita. Em
trabalhos posteriores ela vai resumir esse pensamento com a frase:
‘Eu penso, logo eu existo’ ou ‘Cogito,
ergo sum’.
Contemplar a existência da minha
mente justifica a minha crença na existência da minha mente.
Até esse ponto minhas próprias
conclusões batem exatamente com as de descartes. Eu não poderia justificar a
existência do meu corpo ou mesmo a existência da mente de outras pessoas, mas
eu poderia ao menos justificar a existência da minha própria mente,
simplesmente questionando a questão da minha própria existência. Mas a partir
desse ponto minha visão diverge radicalmente e profundamente de Descartes que
para poder fazer com que meu caminho epistemológico seja claro é melhor que eu
referencie meus próprios pontos e use Descartes como um ponto possível de
contrasta, quando eu estiver explicando minha própria perspectiva.
Então, como Descartes eu posso
razoavelmente inferir que EU existo. E agora, como eu sei que qualquer coisa
externa a mim existe? Como eu sei que eu não estou vivendo um sonho? Como eu
sei que não sou um cérebro em uma cuba vivendo uma simulação feita por um
computador? Como eu sei que eu mesmo não sou um programa em uma simulação em um
computador?
A resposta é EU NÃO SEI.
Eu não sei se nada que eu vejo ou
experimento é de fato real. Eu tenho que pressupor isso. Tenho que assumir e
essa pressuposição é que ao menos algumas das minhas percepções: visão,
audição, tato, paladar e olfato. São preciso, significando que eles refletem a
realidade. Em todos eles o são.
Baseado em minha experiência eu me
lembro que todos os meus sentidos podem estar errados de alguma maneira. Eu
achava ter visto coisas que eu não vi, como um homem estranho e assustador que
acabou sendo um cartaz cortado. Eu achei ter ouvido coisas que eu não ouvi,
como o sangrento grito abafado de uma mulher sendo assassinada, que acabou
sendo o canto de uma bizarra espécie de coruja. Eu achei ter sentido coisas que
eu não toquei, como um inseto andando pelo meu rosto, que acabou sendo um dos
meus próprios fios de cabelo. Mas sem a pressuposição de que alguns dos meus
sentidos são precisos, eu não posso ir a lugar alguma epistemologicamente. Sem
essa pressuposição é o fim do jogo.
Eu posso estar errado, eu posso
ser um cérebro em uma cuba vivendo ilusões simuladas, mas eu não tenho escolha,
pelo menos inicialmente, de assumir que eu não sou um cérebro em uma cuba. Se
eu quiser ir a algum lugar significativo epistemologicamente.
Ao pressupor que ao menos alguns
dos meus sentidos são precisos, como eu tiro conclusões da realidade?
Isso me levo ao meu próximo
conjunto de pressuposições. Eu construo minhas crenças sobre a realidade
baseado em evidências físicas. Quanto mais evidências físicas eu tenho para uma
crença (a força de uma crença deve ser diretamente proporcional a quantidade de
evidências que eu tenha a respeito dela) mais justificada eu estou a acreditar
nela.
A força de minha crença deve ser
diretamente proporcional a quantidade de evidências que eu tenho para ela.
Se eu a qualquer momento duvidas
de uma conclusão da evidência, eu posso voltar para aquela evidência,
reexaminá-la e ver se eu chego a mesma conclusão. Ao contrário da minha
pressuposição anterior, que foi fraca mas necessária. Esse conjunto de
pressuposições tem propriedade que se auto asseguram e isso causa que ela forme
uma séria força epistemológica.
De fato, ao contrário de
Descartes, eu argumento que toda crença justificada que temos sobre a realidade
é um principio baseado em evidência. E ao contrário, crenças que não são
baseadas em evidências ou são baseadas em pouca evidência, não são
justificações e fracamente justifica essa crença.
De fato, durante minhas
explicações e durante todas as minhas explicações apresentadas nessa série até
agora, eu me referi ao raciocínio baseado em evidências para justificar minhas
afirmações. Por exemplo, nesse vídeo eu uso imagens visuais e experiências
evidenciais que presumivelmente eu compartilho com meus espectadores para
demonstrar meus pontos. Em outras palavras, até mesmo para defender o uso de
evidência, eu tenho que usar evidência.
A primazia da evidência para o meu
sistema de justificação de crenças é inextricável dessa forma.
Descartes argumenta que alguns
raciocínios de alto nível são auto evidentes, por exemplo, a proposta de que 2
+ 3 é igual a 5 é como argumenta Descarte, auto evidente. Mas eu discordo.
Ao invés, quando pressionados nós
podemos justificar a crença de que 2+3=5 usando evidência. Existe algumas
maneiras de fazer isso e aqui está uma.
Conte 5 itens. Coloque dois itens
próximo a eles, então coloque 3 itens próximos a eles e veja se as duas pilhas
batem. Isso é justificado utilizando evidência visual de que 2+3=5. Eu suspeito
de uma razão pela qual Descartes ficou inclinado a declarar que 2+3=5 era auto
evidente. Foi inconsciente devido a pressão social.
Existem certas crenças que são tão
fortemente acreditadas por indivíduos em nossa sociedade que até mesmo
questioná-los evoca o ridículo. De fato, meu próprio entendimento dessa pressão
social me deixou desconfortável com a ideia ao ter que pormenorizar o 2+3=5, em
um argumento baseado em evidência.
Essas crenças que nós somos
pressionados pela sociedade para aceitarmos ou termos, existem estímulos
positivos (normal, esperta, digno, bem ajustado, mentalmente saudável) e
negativos (anormal, estúpido, louco, perverso, idiota, perigoso), mas a
realidade é que eles não são auto evidentes.
E as pessoas que dizem que eles são, podem estar inconscientemente
sucumbindo a pressão social.
É importante lembrar que enquanto
as emoções de outros seres humanos são relevantes para navegar e nutrir o nosso
ambiente social, eles não possuem lugar quando se trata da justificação
primária do verdadeiro valor de uma crença.
Mas existe outra razão pela qual
talvez Descartes tenha sido inclinado a declarar que 2+3=5 como sendo auto
evidente e isso é por causa da pressuposição:
‘Quanto mais evidências nós temos
para uma crença, mais justificados estamos a acreditar nela’.
Muito do treinamento em aritmética
começa quando somos muito jovens e nossas crenças sobre aritmética, são reforçados
por evidência confirmatória durante toda nossa vida a medida que nós
confirmamos por diferentes métodos as nossas crenças aritméticas. Devido a
colossal montanha de evidência que nós inconscientemente usamos para
suportá-la, a argumentação sobre evidências para 2+3=5 é tão forte que parece
auto evidente, mas na realidade, quando pensamos nisso, talvez nós estejamos
fazendo inconscientemente uma avaliação evidencia dessa proposta.
O lugar da evidência ao
justificarmos problemas matemáticos abstratos, se torna ainda mais claro a
medida que a matemática se torna mais complicada. Como você verifica o seu
entendimento de um principio básico de álgebra¿ Como você verifica se você
entendeu a interação por partes¿ Como você verifica que os ângulos internos de
um triângulo somam 180 graus¿ Lidando com o problema no papel e possivelmente
verificando sua resposta por um computador, calculadora ou livro de matemática.
Todos eles constituem uma forma de evidência visual.
A evidência é essencial ao
processo de verificação dos problemas mais abstratos e dos princípios
aparentemente puramente racionais. Quando separamos essas estratégias racionais
da verificação evidencial, nós temos a tendência de cometer erros na CONCLUSÃO
que são inconsistentes com a realidade. Do tipo, quando nós tentamos fazer
muito de um problema matemático em nossa mente, usando a capacidade cognitiva
visual limitada para renderizar imagens em nossa mente.
A primazia da evidencia em
justificar minhas crenças, só se tornam fortes a medida que eu penso sobre o
mundo real. Como eu sei como a grama se parece? Como eu sei qual som o concreto
faz quando ele se quebra? Como eu sei como uma almofada é? Por causa das
memórias sensoriais que eu uso como evidência para essas propriedades. E se em
algum momento eu duvidar das conclusões a que eu acheguei baseado nessas
memórias, eu sempre posso voltar e experimentar a evidência para cada uma
delas. Que é o processo de verificação evidencial.
Isso se aplica a propriedades
físicas mais complexas. Descartes dá o exemplo de cera, cujas propriedades nós
só podemos saber através da mente e não através dos nossos sentidos. Ele fala
de um pedaço de cera que foi recentemente extraído de uma colmeia. Ele diz que
ela cheira como flores, tem uma forma sólida e faz barulho quando se bate nela,
mas quando ele a joga na lareira, ela derrete, e não cheira mais como flores,
não é mais sólida e vai queimar seus dedos, e não faz barulho quando se bate
nela.
Descartes argumenta que a cera não
tem nenhuma das propriedades que tinha antes, mas ainda assim ele sabe que é
cera. Então descartes diz, que só pela sua mente e não pelos sentidos físicos
que ele percebe a cera. Mais uma vez eu acho que Descartes está
inconscientemente ignorando as evidências físicas que ele usa para chegar a
essas conclusões.
Se Descartes quando criança nunca
tivesse visto cera, como sendo uma colmeia e uma bolha derretida na lareira, eu
duvido muito que ele iria chegar a conclusão de que ambas eram feitas da mesma
substância. É só através do acúmulo de evidência sensorial física que Descartes
acumulou pela própria experiência de jogar colmeias no fogo que Descartes
poderia justificar sua crença de que colmeias se transformam em bolas
derretidas de cera.
Tudo que se crê a respeito de cera
e as diferentes formas que ela pode tomar é justificada através do acúmulo de
evidências físicas e experiências físicas. E quando se fala de fenômenos mais
complicados ou difíceis de perceber ou sentir¿ como o vento ou radiação.
Quanto ao vento, mesmo que não
possamos vê-lo, nós podemos senti-lo e podemos ver as coisas que ele afeta,
como uma árvore se inclinando por causa de sua força. E também podemos medi-lo
através de dispositivos físicos como anemômetros, por dispositivos físicos são
particularmente importantes para as nossas medidas de radiação. Já que não podemos necessariamente vê-lo.
O tópico da radiação em si
proporciona uma importante mudança na graduação da força das minhas crenças.
Enquanto eu tenho colossais quantidade de experiências pessoais para usar como
evidência para justificar o meu conhecimento de aritmética básica e para a
existência de grama, almofadas e vento. Eu não estou conscientemente
experimentando a radiação. De fato, como é possível que eu esteja a par da
possível existência da radiação¿ Isso introduz um novo conjunto de
pressuposições que podem em si ser justificadas por evidência.
Seria impossível para mim
conseguir pessoalmente evidência usada para todas as minhas crenças. Eu posso
pegar novas formas de evidência na forma de multimídia, escritos e testemunhos
dados por outras pessoas, pois eu não estou experimentando pessoalmente as
evidências físicas diretas que essas multimídia, escritos, e testemunhos
representam. Eu não posso colocar nelas a mesma confiança nelas que eu posso
colocar em evidência física direta.
Com a introdução desses novos
tipos de evidência, o mundo do meu raciocínio evidencial tento explode com as
novas possibilidades, ao elas se tornarem mais complicadas e
epistemologicamente perigosas.
Se eu quiser maximizar a minha
confiança em uma crença, eu devo usar evidência indireta que me são dadas por
outras pessoas como um ponto inicial e então verificar diretamente a evidência
física por mim mesmo. Se eu me recusar a fazer isso para qualquer crença eu
devo aceitar que a minha confiança nela é menor do que a confiança em uma
crença que a evidência física que eu verifiquei diretamente.
Porque eu sou tão cético com a
conclusão de outras pessoas¿ Porque eu ponho tanta confiança nas evidências que
eu posso verificar diretamente?
A razão é que eu reconheço
limitações em mim mesmo. Eu tenho frequentemente e consistentemente percebido
erroneamente os detalhes do mundo físico. Por exemplo, eu frequentemente leio
incorretamente e-mails, artigos ou comentários, apenas para retornar a eles
mais tarde e me dar conta do meu erro de percepção.
Eu tenho frequentemente e
consistentemente me lembrado erroneamente o que era possivelmente uma
observação originalmente correta, por exemplo, eu frequentemente me lembro
erroneamente de citações ou de detalhes físicos de cenas de filmes que eu
assisti quando criança. Só para voltar a vê-los depois e me dar conta que elas
não eram como eu lembrava.
E finalmente, eu tenho
frequentemente e consistentemente comunicado erroneamente o que era possivelmente
memórias originalmente corretas, por exemplo, quando eu explico algoritmos para
os estudantes dos quais eu dou aula. Eu acidentalmente deixo fora detalhes
importantes devido aos recursos que são consumidos pelo processo de explicação,
mesmo no processo de escrever a transcrição para esse vídeo, eu notava que
minha habilidade de explicar melhorava, quando eu dormia uma boa noite de sono
para liberar recursos cognitivos. Como resultado, toda vez que eu recebo
evidência testemunhal de outros seres humanos, eu arrisco o tempo todo receber
uma comunicação errada de uma lembrança de uma percepção errada.
Durante o processo de contar uma
história ou detalhar uma explicação de múltiplas fases outro ser humano pode
cometer esses erros em todos esses níveis diferentes. A coisa ainda se complica
mais, se esse ser humano depende de uma história ou explicação em múltiplas
fases fornecidas por outro ser humano (como na bíblia) e assim por diante.
Eu posteriormente descobri a
pesquisa cognitiva psicológica que demonstra o quão comum esses erros são entre
os seres humanos, e o quão inconscientemente cometemos esses erros todos os
dias. O fato de que não estamos conscientes desses erros cometido é essencial
para entender como esses erros se propagam como no jogo do telefone sem fio.
Significa que mesmo quando SENTIMOS que estamos sendo completamente honestos e
SENTIMOS que estamos sendo completamente coerentes, nós ainda podemos cometer
erros de entendimento, lembranças e percepções e possivelmente nunca nem nos
darmos conta de que erramos.
Por exemplo, ao assistir um vídeo
é muito provável que você tenha perdido algum detalhe, por exemplo, porque
alguma parte do conteúdo seja bem provocativo para você é provável que o seu
cérebro seja lançado involuntariamente para focalizar nos seus próprios
pensamentos pessoais, quer queira ou não. Quando seu cérebro faz isso, você
consume recursos cognitivos que anteriormente você estava usando para atenção e
percepção. E devido a natureza detalhada dessa discussão é provável que você
não tenha percebido ou perceba erroneamente alguns detalhes.
Se alguma vez, você voltar e ver
esse vídeo de novo, é provável que você tenha ao menos perdido alguns detalhes
no vídeo, dos quais você não se lembrava depois da primeira vez que o viu. Se
essa é sua primeira vez que está lendo este artigo, você vai ter essa sensação
mesmo que você se sinta seguro que está me entendendo precisamente.
Eu sinto esses furos na minha
percepção quando eu vejo documentários sobre a natureza, ouvindo áudios livros,
e até quando leio Descartes. É só porque eu posso ‘rebobinar’ essas formas de
mídia é que eu posso me dar conta dos detalhes que eu não percebi.
Imagine os detalhes que nós
descobriríamos se pudéssemos rebobinar a nossa experiência da realidade.
Na maior parte do tempo, nós
levamos nossas vidas ignorando completamente essas falhas de percepção. Nossos
cérebros são muito adaptáveis preenchendo os buracos nas falhas de percepção
que forma uma história tão coerente que nós raramente reconhecemos que os buracos
estão ainda lá. O que para o propósito de um funcionamento cognitivo suave é
provavelmente uma coisa boa, mas é importante estarmos ao par dessas fraquezas
cognitivas. E reconhecer sua existência demonstra a superioridade inerente em
vivenciar a evidência direta do que confiar em nossas próprias memórias ou
memórias de outras pessoas.
Depois de anos aprendendo e
desenvolvendo minhas capacidades, eu estava em uma melhor posição par avaliar
princípios evidencias mais avançados como a navalha de Occam. E também em
avaliar a relevância desses princípios para algumas das mais controversas
afirmações feitas pela sociedade humana por toda a sua história. Em especial
sobre a existência de Deus.
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