Desconversão
3.2 – Deuses não teístas e Evolução
Nos artigos anteriores quando eu
descrevi para o professor, como eu me sentia com respeito aos meu companheiros
cristãos, ele respondeu com: ‘’você leu Fernão Capelo Gaivota?
O que você está descrevendo é que
você está voando em círculos acima de seu bando.’’
Eu disse que não tinha lido, mas
pedi o link do amazona, eu estava ansioso por ler qualquer livro que me
ajudasse a entender minha nova identidade e direção na vida. Quando o livro
chegou e eu comecei a lê-lo. Fiquei um pouco perplexo. Porque era literalmente
sobre uma gaivota. Parecia como um livro infantil sobre gaivotas. Mas assim
como no livro ‘Ser Bom’ havia muito mais nesse livro do que o título sugeria.
Enquanto eu lutava contra o começo
do livro ser bem desinteressante, uma dica de sua alegoria me surgiu em mente.
A medida que eu lia, de repente o livro explodiu em uma vibrante pintura
alegórica e sua riqueza me deixou abismado.
Eu nunca li uma história que fosse
tão simbólica e que me parecia tão profundamente relevante para minha própria
identidade.
Enquanto eu lia a história a minha
mente encontrou minhas próprias entidades e experiências da minha própria vida
que combinam com os símbolos da história.
O BANDO, eram as pessoas da
igreja. VOAR, era a arte de aprender e buscar a verdade não importando onde ela
o levasse. Era uma coisa que eu sentia que o pessoal da igreja só fazia aos
domingos. E mesmo assim minimamente. ALIMENTAR, era o ato de viver o dia a dia
e ganhar o seu sustento. Era o que eu ironicamente sentia que o pessoal da
igreja passava o maior tempo fazendo. O se trabalho, sua diversão e sua
repetitiva recitação e reinterpretação de dogmas da era do bronze. Eram todas
quase totalmente atividades mecânicas.
Nenhuma dessas atividades os
desafiava ou lhes ensinava algo novo. De interagir com eles na escola
dominical, parecia que a vida mental deles era como um mar morto de velhas
ideias que se estagnaram e misturaram, mas muito raramente faziam contato com água
fresca.
Jonathan, descobriu a alegria de
voar, a alegria de aprender e de florescer com novas ideias e novas
informações, a alegria de procurar a verdade na sua totalidade e paixão. Quando
ele tentou compartilhar essa alegria com o bando, eles o baniram.
Foi nessa passagem que eu senti
que passaria pela mesma coisa, se eu tentasse compartilhar os meus pensamentos
com a igreja. Porque como você talvez fique surpreso em descobrir eu ainda era
um membro da igreja e a igreja era a única organização onde eu sentia que podia
colocar a minha identidade filosófica e saber sobre a identidade filosófica de
outras pessoas, apesar de ser um ateu.
Meu único corte nessa paisagem
cristã, era um homem que vivia a centenas de quilômetros de distância. Eu me
sentia como um infiltrado na igreja e eles não eram capazes de reconhecer
nenhuma mudança na minha identidade espiritual, apesar de rezarem, cantarem e
falar comigo em línguas.
Isso foi mais uma evidência de que
eles não estavam sendo guiados por uma deidade sobrenatural onisciente, mesmo
eles declarando plenamente de que eram. Eles não me trataram diferente e eram
bem receptivos as minhas novas ideias filosóficas, apesar de que eu sabia, que
todos esses pensamentos vinham de uma perspectiva completamente ateísta.
Mas tal como Jonathan, eu sentia
que se eu compartilhasse toda minha visão, somente exilio social e
desentendimento maciço me esperavam. E com respeito a minha própria jornada
teológica. Uma ideia do livro que sobressaiu para mim foi que:
‘Todos nós somos ideias na mente
da Grande Gaivota’. Em outras palavras, somos todos uma parte da mente de deus.
Essa ideia é basicamente um tipo de panenteísmo, que é a crença de que o TODO
está contido DENTRO de Deus. É compatível com o panteísmo, porque diz que tudo
é Deus, mas adicionalmente a isso também diz que tudo está DENTRO de Deus.
Uma razão pela qual eu achei essa
teologia convincente, foi por causa do livro que eu li, como estudante de
graduação em Inteligência Artificial chamado ‘Inteligência de Enxame’. Este livro
argumentava que inteligência só tem significado como sendo um processo social
entre entidade múltiplas. Ele também argumentava que inteligência não seria
limitada a criaturas biológicas. A partir dessas premissas eu extrapolei que o
universo em si poderia ser pensado sendo um tipo de mentes como mencionada no
livro.
Eu consegui suporte a essa ideia
do livro ‘A face oculta de Deus’ de Gerald Schroeder. Que eu li apesar do fato
e provavelmente porque eu sentia que o livro que o professor passou não concordaria.
Eu queria ter certeza que eu não
estava trilhando o meu novo caminho as cegas. E o livro anterior de Schroeder
foi tão convincente para mim que eu sentia que esse livro pudesse me trazer
novas ideias e novas soluções para alguns problemas que o professor apontou.
Pelo livro, Schroeder descreve vários sistemas biológicos de nosso corpo com
ilustrações do seu intricado trabalho interno. Ele argumentava que a engenharia
biológica não podia ser explicada pela evolução gradual devido a falta de
fósseis transicionais, e da improbabilidade de mutações aleatórias criando as
mudanças certas para tal sabedoria se manifestar.
Alguns anos mais tarde eu descobri
porque essas são críticas falaciosas da evolução gradual, mas nessa época eu os
achei bem convincentes. No fim das contas Schroeder argumenta que devido as
deficiências da evolução gradual para a vida ter tanta sabedoria em seu design,
algum tipo de sabedoria deve esta impregnada no universo em si. Esse tipo de
ideia é um tipo especifico de panteísmo chamado pampsiquismo. Que pode ser
definido como a crença de que TUDO que é material, mesmo que seja pequeno, tem
um elemento de consciência. Em outras palavras, o argumento de Schroeder é de
que o universo em si é consciente.
Ele desenvolve esse argumento com
algumas interpretações da Mecânica Quântica (1. Toda matéria é composta de
energia. 2. Toda energia é composta de informação) que depois eu também
descobri que eram falaciosas. Mas também achei convincente naquela época.
Além de casar com o pampsiquismo, Schoroeder
também argumenta sobre o deísmo, na forma de uma ‘não – coisa’ metafísica que
deve ter percebido o mundo físico. Deísmo pode ser definido como a crença em um
CRIADOR do universo que NÃO INTERVÉM no universo depois de cria-lo. O seu
argumento começa afirmando que antes do Big Bang o tempo e o espaço não
existiam, então o que quer que disparou o Big Bang, deveria estar fora do tempo
e do espaço e deve ser portanto não físico portanto deve ser metafísico.
Como seus outros argumentos eu
aprendi muitos anos depois que este argumento também é falacioso, mas também
como seus outros argumentos eu achei convincente naquela época.
A medida que eu continua os
estudos em teologia, eu comecei a nota dois problemas com as posições que eu
estava tomando. Uma delas é que as vezes as posições contradizem uma a outra,
por exemplo, o deísmo não é prontamente compatível diretamente com o
pampsiquismo. Porque o deísmo, implica que deus intervém no mundo físico e o
pampsiquismo implica que o mundo era constantemente guiado por uma consciência
universal. Eu remediei este conflito, assumindo que todos esses conceitos eram
apenas hipóteses e talvez vários ou um o provavelmente nenhum deles eram
corretos.
Eu aprendi minha lição com o
teísmo e não afirmava nenhuma dessas hipóteses com muita convicção. O único
compromisso que eu tinha agora era em encontrar a verdade, não importa qual ela
seria.
O outro problema com essas
crenças, em especial o deísmo e o pampsiquismo é que algumas vezes eles se
confundem com o teísmo, afirmando ou sugerindo que o criador ou o universo em
si eram inteligentes. Remediei este conflito, aceitando pelo menos naquele
tempo, que meu ateísmo era pouco claro e que eu ainda acalentava fortemente a
possibilidade que existisse uma inteligência que tivesse precedido ou permeado
o universo como um todo.
Dado o tempo que eu me dei para
apreciar mais os argumentos sobre teologia e até mesmo uma forma mais avançada
de teísmo, eu foquei meus estudos mais uma vez em ler livros feitos para
desmantelar os argumentos para o cristianismo convencional.
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