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quinta-feira, 15 de maio de 2014

Desconversão 3.3 – Estudiosos : Ingersoll e Mack / Erros de Moisés

Desconversão 3.3 – Estudiosos : Ingersoll e Mack / Erros de Moisés

Porque eu ainda era um pobre estudante de faculdade eu peguei a maioria dos livros que o professor recomendou na biblioteca, para minha surpresa quando procurei livro ‘Alguns Erros de Moisés’ na Watson (uma gigantesca biblioteca da universidade focada em humanidade) eu não o pude encontrar.

O único lugar em que o livro apareceu foi na Biblioteca de Pesquisa, da qual eu nunca tinha ouvido falar. Quando eu cheguei na biblioteca na Spencer, ao contrário da Biblioteca Watson, não havia visitantes além de mim. Ao final de um longo lobby vazio uma mulher sentada em uma mesa para receber visitantes. Depois de preencher uma ficha com a inscrição e em seguida solicitar o livro ‘Alguns erros de Moisés’, ela pediu para que me sentasse numa sala de leitura e aguardasse que ela iria trazê-lo para mim.

Depois de 5 minutos um homem gentil e alto por volta dos 60 chegou com meu livro e o colocou com cuidado em minha frente. Para minha surpresa o livro parecia muito antigo. A medida que eu virava suas páginas envelhecidas eu me dei conta do porque eu tive que ir a Biblioteca de Pesquisas Spencer para lê-lo. O livro foi publicado em 1898, há mais de 100 anos.

Robert Green Ingersoll nasceu em 1833 e faleceu em 1899, era um talentoso orador americano cujos discursos eram apreciados e assistidos por gigantes literários como Walt Whitman e Mark Twain. Seus discursos foram influência catalisadora para a ‘Era Dourada do Livre Pensamento’ que durou de 1856 até os primeiros anos do século XX. Apesar dos seus ativos cognitivos e linguísticos como líder as suas visões radicais contra a religião e a escravidão e também a favor dos direitos da mulher, o impediram de conseguir um posto público maior do que o de procurador geral.

Quando eu abri o livro e comecei a ler fiquei abismado e surpreso com as suas aspirações ambiciosas e positivas.

Uma parte do livro:

‘Eu quero fazer o pouco que eu posso fazer para deixar o meu país verdadeiramente livre, para ampliar o horizonte intelectual de nosso povo. Destruir os preconceitos da ignorância e do medo. Nos livrar do culto cego de um passado desprezível, com a ideia de que todos de grandeza e bem estão mortos e que os vivos são totalmente depravados. Que todos os prazeres são pecados e que visões e gemidos estão por si agradando a Deus. Que pensar é perigoso, de que coragem intelectual é um crime, que covardia é uma virtude e de que certa crença é necessária para assegurar a salvação ...  ’

Essa sentença é uma de muitas apaixonadas passagens e argumentos inspirados que encontrei para a liberdade intelectual e boa vontade que o livro oferece, que eu encontrei nas ideias que basearam o ateísmo agnóstico. Quando eu li mais eu vi que Ingersoll queria que os sacerdotes também pensassem livremente e não fossem restringidos por suas congregações.

‘Sou um grande fã dos sacerdotes, apesar de tudo o que ele podem dizer contra mim, eu vou lhes fazer um grande e duradouro serviço. O púlpito não deve ser pelourinho.’

Muito do livro continha observações intuitivas sobre os absurdos da bíblia, que muitas vezes não são questionadas nem respondidas por cristãos. Um desses absurdos que particularmente incomodavam Ingersoll é que deus regulamente criava alguma coisa do nada, o que revela uma hipocrisia na apologética cristã, já que os cristãos criticam os ateus dizendo que eles acreditam que algo veio do nada. Outra paixão que ingersoll tinha da cultura cristã, era que uma única crença seria a diferença entre a salvação ou morte de uma pessoa. Ele ilustrava o absurdo dessa ideia com um comentário sobre o Gênesis que ele chamava de ‘A História da Costela’, onde deus criou Eva, já que adão não encontrava nenhum ajudante entre os animais que ele podia apreciar:

‘E Sabendo que Adão estava tão aborrecido, deus iria lhe fazer uma ajudante e depois de ter usado todo o NADA, ele decidiu pegar uma parte do homem para fazer uma mulher disso. E ele pegou do homem .... uma costela!

Agora nós podemos imaginar Deus com o osso na mão e está pronto para criar uma mulher, tentando decidir se faz uma loura ou morena. É bem aqui que tenho que avisá-lo das consequências de se rir de qualquer história da bíblia sagrada. Quando vier a morrer essa risada vai ser tornar um espinho no seu travesseiro. Quando você olhar no registro de sua vida, não importa quantos homens vocês quebrou e arruinou e não importa quantas mulheres você enganou e abandonou, tudo isso pode ser perdoado, mas se você lembrar que riu do livro de deus, você vai ver através das sombras da noite, as estranhas aparências de barbatanas e línguas bifurcadas do diabo. Deixe-me mostrar como vai ser:

Vamos dizer que seja o dia do julgamento, quando um homem for chamado pelo secretário de registros ou quem quer que faça a investigação, dia a alma dele:

- De onde você é?
- Eu sou do mundo.
- Que tipo de homem foi você?
- Bem ... eu era um bom camarada. Eu amava minha mulher, eu amava meus filhos, minha casa era meu céu, minha lareira era meu paraíso. Sentar ali e ver as luzes e sombras nas faces daqueles que eu amava, isso para mim era uma alegria perpétua. Eu não dei a eles um momento solitário, eu não devo nada e deixei o suficiente para pagar o meu funeral e cuidar dos que eu amava, esse era o tipo de homem que eu era.
- Você ia a igreja?
- Não. Eles eram muito limitados para mim. Eles sempre esperavam ficarem felizes simplesmente porque outra pessoa era condenada por ser pecadora.
- Você acreditou na história da costela?
- Que estória da costela? Oh, você quer dizer o negócio de Adão e Eva. Não eu não acreditava. Para ser sincero. A verdade divina era muito mais do que conseguia engolir.

- PARA O INFERNO COM ELE. Próximo. De onde você vem?
- Eu sou do mundo também.
- Você pertencia a alguma igreja?
- Sim senhor, eu pertencia a Associação Cristã de Jovens.
- em você trabalha¿
- Caixa de banco.
- Você alguma vez fugiu com algum dinheiro¿
- Oh, eu nem gosto de falar, mas sim, senhor, Eu fugi.
- Com quanto você fugiu¿
- Cem mil dólares.
- Você levou alguma a mais com você¿
- Sim senhor, eu levei a mulher de meu vizinho.
- Você tinha mulher e filhos¿
- sim senhor, e os abandonei. Mas era tanta a minha confiança em Deus que eu acreditei que Ele cuidaria deles. Não busquei saber deles depois disso.
- Você acreditou na história da Costela¿
- Oh. Abençoada seja sua alma. Sim, eu acreditei em tudo, senhor. Eu ainda costumava dizer que bom é que não há histórias difíceis de crer na bíblia, pois assim eu podia mostrar o que a minha fé podia fazer.
- Você acreditou, não foi¿
- sim, do fundo do meu coração.

- dê uma arpa a este homem e abram as portas do paraíso, pois mais um filho vai conhecer o pai.
Eu apenas queria lhe mostrar o quão importante é acreditar nessas histórias. Por mais estranho que pareça, Deus odeia os críticos acima de tudo. ‘

Sentado sozinho na sala de leitura da Biblioteca de pesquisa, eu tentava me controlar de uma risada incontrolável. Essa era a mais convincente crítica da salvação por crença que eu encontrei.

Essas era ideias que eu pensei brevemente e vagamente como um cristão. Ingersoll levou essas premissas de fé a tal extremo, mas ainda a sua conclusão é inegável, que não se pode negar seu absurdo. O eu argumento, claramente ilustra que a salvação apenas pela crença era contraditória com a ideia de que DEUS SERIA JUSTO E RAZOÁVEL.

Esse tipo de argumento é chamado de reductio ad absurdum, e é comumente empregado como forma de uma poderosa argumentação filosófica.

O seu bom empreso, sustenta os poderosos argumentos de alguns vídeos de alguns gigantes da comédia do youtube como Darkmatter2525 e NonStampCollector. Uma das chaves para fazê-los filosoficamente válidos e que a pessoa deve apresentar os argumentos realisticamente e precisamente antes de mostrar porque eles são absurdos.

Não conseguir representar a opinião do oponente precisamente e justamente antes de critica-lo produz um espantalho e um consequente apelo ao ridículo. Ingersoll foi o primeiro ateu que eu encontrei que usava o reductio ad absurdum corretamente. Por outro lado, eu comecei a perceber que a minha mente fechada, não me deixavam considerar argumentos como o Ingerssol estava apresentando.

Agora que eu não filtrava meus pensamentos e percepções, eu sentia que podia pensar mais precisamente e mais rapidamente. Minha mente estava mudando e eu estava amadurecendo e melhorando meu raciocínio de uma maneira que eu nem me dava conta que faltava antes de perder minha fé.
Quando eu devolvi o ‘Alguns Erros de Moisés’ de volta para a Biblioteca, ele disse:

‘Esse é um livro muito importante, muitas pessoas esqueceram-se dele. ‘

Meu próximo livro foi ‘Quem escreveu o novo testamento’ por Burton Mack.

Que eu pude encontrar na biblioteca de Watson. O que me surpreendeu quando eu fui procurar o livro, foi quantos livros acadêmicos existiam analisando a bíblia e criticando a visão cristã tradicional dela.

O argumento mais convincente para mim foi que hoje a igreja se considera ortodoxa, foi uma das muitas seitas de Jesus que existiam no começo do cristianismo. A única razão que os cristãos acreditam no que creem hoje foi porque as outras seitas de Jesus foram reprimidas pela atual igreja ‘ortodoxa’ do cristianismo como sendo heréticos.

Você pode imaginar uma tendência similar em um futuro hipotético dos EUA, onde o mormonismo tivesse se tornado a versão ortodoxa do cristianismo, enquanto Batistas e Pentecostais fossem referenciados como os hereges do passado.

O próximo livro da minha lista era de alguém considerado como sendo um cristão herético moderno. O Bispo anglicano John Shelby da diocese de Newark.





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Item Reviewed: Desconversão 3.3 – Estudiosos : Ingersoll e Mack / Erros de Moisés Rating: 5 Reviewed By: Gabriel Orcioli