O que são emoções e sentimentos?
Gostaria agora que você imaginasse a seguinte situação. Você está em uma praia fantástica, é primavera, o sol está agradável, e você resolve dar um mergulho. Lá no fundo do mar mergulhando vem um cardume de peixes em sua direção. Do meio desse cardume de peixes sai um tubarão branco e você fica cara a cara com o tubarão. É muito interessante o que acontece em seu cérebro quando registra a informação “tubarão”.
Seu cérebro inicia a coordenação de
um programa de ações muito complexo que irá recrutar seu corpo inteiro para uma
série de mudanças. Suas pupilas dilatam e sua boa seca. Seu estomago altera seu
funcionamento e se estiver com o intestino cheio você solta. Daí surge a
expressão “caguei de medo”. O sangue do seu corpo é redirecionado. Os vasos se
comprimem e dilatam. O sangue é desviado de lugares que agora não são tão
importantes, como por exemplo o sistema digestório e enviando para lugares mais
importantes como por exemplo os grandes músculos. É por isso que você sente
quando está com medo aquele frio na barriga. Um outro lugar de onde o sangue é
retirado é do rosto. É por isso que quando você olha uma pessoa com medo, ela
está pálida.
Além disso seu cérebro ordena
glândulas a secretar hormônios no seu sangue como a adrenalina e o cortisol,
que vão fazer com que aumente sua frequência cardíaca fazendo com que o coração
bata mais rápido, e também aumenta a eficiência cardíaca, fazendo o coração
bombear mais sangue a cada batida.
No cérebro, hormônios e
neurotransmissores vão ativar circuitarias que vão fazer com que você fique por
exemplo hipervigilante ou seja, você jamais dorme quando tem um tubarão em sua
frente. Você também irá ficar hiperfocado, um fenômeno que é chamado de “visão
de túnel” ou seja, não existe defit de atenção quando tem um tubarão em sua
frente. Seu cérebro fica negativamente enviesado (Viés da negatividade) e
hipersensível a qualquer coisa minimamente negativa e ameaçadora que esteja ao
seu redor. Tudo isso e mais uma série de outras coisas acontecem em menos de
meio segundo. Se compreendeu essa orquestra fisiológica entendeu o que é uma
emoção.
Emoções são programas de ação
coordenados pelo cérebro que gerenciam alterações em todo seu corpo. Essas
alterações são ações no sentido amplo da palavra ou seja, ações microscópicas
como por exemplo a secreção de hormônios em sua corrente sanguínea ou a
secreção de neurotransmissores nas sinapses de seus neurônios. Ações que podem
ser um pouco mais complexas como por exemplo como a movimentação de suas
vísceras ou as vezes ainda mais complexas como por exemplo os comportamentos.
No caso de um tubarão na sua frente atacar ou fugir.
Pra que serve tudo
isso? Pra que serve nossas emoções?
As emoções são um jeito muito
inteligente da natureza fazer o ser vivo agir sem perder tempo. Emoção tem tudo
a ver com ação, com o agir. Emoções tem a ver com gerar comportamentos
biologicamente vantajosos frente a uma necessidade imediata.
Podemos controlar
nossas emoções?
É importante notar que a emoção é
automática. Nós não conseguimos controlar as emoções com nossa vontade. Tudo
que podemos controlar é como reagiremos conscientemente ao que estamos
sentindo. Ninguém olha um tubarão e fala “oh, acho que irei parar de sentir
medo”. Muitas pessoas dizem que controlam as emoções, mas o fato é que eles não
entendem o que são emoções e muito menos entendem o que de fato estão
“controlando”. Não sabem a diferença entre reagir ao que é sentido e muito
menos entendem até que intensidade podemos suportar e principalmente como
podemos medir a intensidade do que é sentido.
O que sentimos nos ajuda a sobreviver, reproduzir e melhorar a qualidade
de vida, porém nem sempre é assim pois o que sentimos não diferencia o que é
certo ou errado.
O que sentimos apenas é uma reação a
alguma coisa independente se é certo ou errado. Todas as emoções e sentimentos
são importantes e temos que entender como funcionam para que sejamos capazes de
entender nossas limitações, aumentar nossa maturidade e inteligência emocional,
melhorar nossa resistência ao que sentimos, nos proteger, entre diversas outras
coisas. O que sentimos pode nos livrar de situações perigosas mas também pode
nos levar a nos colocar em situações ruins onde nossa vida e a vida de outras
pessoas é prejudicada. Toda decisão que tomamos querendo ou não afeta a vida de
outras pessoas e inicia-se assim uma dinâmica social, intelectual, cultural e
etc, bem complexa e interessante.
Claro que gostaríamos de controlar
nossas emoções. Um dia você está entediado por exemplo, vai pra balada e
resolve se apaixonar. Olha uma pessoa mais ou menos interessante e diz pra você
mesmo “agora vou me apaixonar”, então você se apaixona. O interessante de notar
nesse exemplo é que muitas pessoas acreditam que “se apaixonar” é algo que
simplesmente acontece, algo como destino ou Deus, mas a verdade é que a atração
é uma emoção e como é uma emoção é algo que está programado dentro de nós que
pode ser compreendido e interpretado. Por essa razão existem os estudos sobre
Sedução, que nada mais é do que a negociação da atração ou seja, entender essa
programação e se adaptar aos padrões mais atraentes.
Controlar nossas emoções é uma ideia
interessante porém do ponto de vista de nossa sobrevivência, controlar nossas
emoções seria péssimo. As emoções estão aí para garantir sobrevivência. Se tem
um leão correndo atrás de você a coisa mais estupida que poderia fazer é ser
racional. Imagina que vem um leão correndo atrás de você e você resolve
calcular a aceleração do leão e comparar com a sua e somente depois decidir se
sobe na árvore, se finge de morte, se corre ou se enfrenta o leão. Nesse
processo onde está pensando e calculando, é um processo que pode levar horas,
enquanto o leão precisa de cerca de 5 segundos para acabar com sua vida.
A eficácia da emoção portanto deriva
justamente do fato dela ser automática, ou seja, estar fora de nosso controle.
É muito mais inteligente sair correndo e gritando automaticamente.
Estímulos emocionais
Emoções estão sempre associadas a
estímulos. Esses estímulos podem ser estímulos externos como no caso do exemplo
do tubarão ou um alimento que você vê ou uma pessoa amada quando aparece ou
então uma pessoa que você odeia ou um assaltante ou qualquer coisa que ocorre
no mundo ao seu redor. Esses estímulos podem também derivar de conteúdos
mentais ou seja ideias são capazes de provocar emoções. Se você agora pensar em
alguém que você gosta querendo ou não irá provocar uma reação emocional. Se
pensar em alguém que você odeia também irá provocar uma reação emocional. Uma
memória pode trazer toda uma reação emocional e de fato, quanto mais forte e
intenso é o que sentimos por alguém então a tendência é que o cérebro cria uma
memória de longo prazo ou seja, mesmo que você queira não conseguirá esquecer a
pessoa ou os momentos que passaram juntos.
É interessante pois o que sentimos
modifica como vemos o mundo por essa razão é esperado que muitas pessoas
acreditem tão fortemente que algo é verdade que não percebem o que de fato está
acontecendo com elas. O que sentimos não difere o que é verdadeiro ou falso, o
intuito do que sentimos é nos ajudar a sobreviver. Sendo assim não importa se
você é ateu ou teísta, se acredita em Deus ou em energia, o que você acredita
tem o único intuito de te ajudar a sobreviver. Sendo assim, não importa se o
que você segue é mentira ou verdade, pra você sempre será verdade. Em outras palavras
o que sentimos nos obriga a acreditar em alguma coisa de forma tão intensa que
a única conclusão que conseguimos chegar é que a ideia que seguimos é
verdadeira. De fato, ignoramos completamente o processo que nos obriga a
acreditar ou aceitar uma ideia como verdadeira e negar todas as outras. Uma
prova disso é a capacidade de crianças acreditarem no Papai Noel. Sabemos que
existe a história verdadeira e a falsa, porém mesmo assim as crianças se focam
na história falsa como verdadeira até que consigam atingir uma idade mental
capaz de distinguir entre o que é verdade e o que é mentira na história do
Papai Noel.
Falar sobre a existência de Deus
também é um ponto muito importante pois a maioria das pessoas que acreditam em
Deus não entendem o processo que as leva a acreditar em Deus. Querendo ou não o
processo é o mesmo usado em qualquer outra crença e por essa razão é possível
explicar de forma natural a crença em diferentes Deuses. Para aquele que
acredita Deus é real, talvez por sonhos, milagres, experiências de quase morte,
e o que geralmente acontece no cérebro é que o que a pessoa sente foi
fortemente intensificado ao ponto de mudar completamente a realidade da mesma.
A crença em Deus foi enraizada em um dos processos mais interessantes que temos
chamado de “Sentido de Vida”. O sentido de vida é a principal razão de você
estar vivo agora e envolve suas memórias, experiências, entre outras coisas.
Por mais que as pessoas não apreciem ouvir até mesmo a crença em Deus pode ser
facilmente compreendida quando compreendemos como o cérebro funciona e como o
que sentimos afeta nosso mundo, nossas crenças e principalmente nossas vidas.
Além disso as emoções operam em uma
escala que vai de positivo a negativo. Chamamos isso de escala de valência.
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