Um roteiro possui um elenco de
personagens — a pessoa que estabelece a relação e as pessoas que se relacionam
com ela — e um enredo do que aconteceu no passado. Nem todas as pessoas trazem
roteiros passados para situações atuais de forma efetivamente correspondente. O
pensamento convencional nas teorias psicanalíticas da personalidade determina
que os roteiros são reincorporados quando as pessoas têm sentimentos não
resolvidos, isto é, que não foram completa ou satisfatoriamente expressos ou,
se expressos, não levaram ao resultado desejado. Os roteiros distorcem o
presente, provocando reações emocionais inadequadas e
prolongando o período refratário.
Suponhamos que Helen fosse a caçula da
família e seu irmão, Bill, um molestador, sempre a dominando. Se Helen tivesse
se tornado insensível pela experiência, se seus pais tomassem partido de Bill e
achassem que ela exagerava, muitas vezes Helen poderia trazer o roteiro de
estar sendo dominada a situações que, mesmo sutilmente, parecessem semelhantes.
Uma das preocupações mais pungentes de Helen é não ser dominada, e isso faz que
ela se sinta assim mesmo quando não há dominação.
Retirado do livro, A Linguagem das Emocões - Paul Ekman
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