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domingo, 23 de março de 2014

Tentativa I - A irrelevância do Argumento de Kalam

A irrelevância do Argumento de Kalam

Irei tentar, de alguma forma, mostrar um problema com o argumento de Kalam, que talvez possa ser a chave para desvendar ou ao menos tornar irrelevante o argumento de Kalam. Essa é uma ideia pessoal, que não se remete ao que acredito ou deixo de acreditar.

O argumento de Kalam diz assim: 

  • Tudo que começa a existir tem uma causa.
  • O Universo começou a existir.
  • Portanto, o Universo teve uma causa.

Podemos observar que o argumento de Kalam é logicamente válido, mas para tentar torna-lo irrelevante (o que será uma loucura total de minha parte) temos que demonstrar que uma das premissas ou algumas delas, é falsa ou estão incompletas de alguma forma. Outra forma que poderíamos tentar é demonstrar de alguma forma que o universo não tem uma causa (se o universo teve um inicio, é impossível não haver uma causa primária!).

 Normalmente para aqueles que utilizam o argumento da causa primária, tendem a utilizar como uma justificativa para a existência de algum deus em particular e negar o surgimento de algo do ‘nada’. Em outras palavras, o argumento de Kalam é uma tentativa de invalidar a possibilidade de algo surgir do nada. O problema é que, neste ponto, como não é possível evidenciar que algo não pode surgir do nada, o argumento de Kalam começa a desmoronar.

Muitas pessoas tem problemas com o nada, e eu também tinha até começar a entender melhor o que o nada significa.

O que eu também acredito ser difícil imaginar que algo surja do nada, mas o problema se encontra justamente na justificativa que utilizamos para aceitar o oposto dela, ou seja, aceitarmos que alguma entidade tenha criado o universo.

Vejo muitos dizerem:

- Algo surgir do nada? Isso é um absurdo, como algo pode surgir do nada?

Ou

- Do nada, nada vem.

Esse tipo de argumentação, geralmente vem com uma predisposição para aceitar o oposto, ou seja, como é um ‘absurdo’ algo surgir do nada, então fica claro como o cristal de que algo tem que ter criado o universo, e esse algo tem que ser Deus.

Eles utilizam um agente responsável pela criação de algo a partir do nada. Mesmo que digam que do nada, nada vem, eles mesmo cometem um pequeno deslize na argumentação, ao dizerem que para algo surgir do nada, algo tem que criar alguma coisa nada. 

Eis o equivoco deles, eles dizem:

- Do nada, nada vem.

E depois dizem:

- Algo tem que ter criado o universo.

Conclusão lógica:

- Do nada, algo ou alguma coisa vem.

O argumento de Kalam não lida com o que foi mencionado acima. O que nós temos certeza é que, já que o universo tem um inicio, isso implica que foi criado ou veio a existir a partir do nada. Portanto, do nada, ALGO OU ALGUMA COISA SEMPRE VEM.

Outra típica pergunta é:

- Porque algo não surge do nada, agora, em minha casa?

Essa também é outra justificativa para aceitar que é um absurdo algo surgir do nada sem ter algo ou alguma entidade para fazer algo do nada surgir, em um passe de mágica, mesmo que o universo demonstre o contrário, já que levou muito tempo para que a explosão acontecesse. 

A resposta é simples, pois não temos mais as condições primárias necessárias que causou o universo. É por isso que não vemos qualquer 'explosão', fazendo algo surgir do nada, dentro de nosso universo. O que é bacana desse pensamento é que, aponta diretamente para o Multiverso.

Normalmente para aceitar que deus tenha criado o universo, normalmente apelam para essa lógica. Isso somente acontece com pessoas que não possuem o conhecimento necessário sobre o assunto e por não possuírem o conhecimento necessário, normalmente acabam tomando uma decisão, sem ao menos ter refletido a fundo sobre o assunto do qual gerou a tomada de decisão.

Temos duas opções em relação ao universo:

Ø  Surgiu do nada, ou seja, não é necessário nenhum ser ou entidade para criar o universo;
Ø  Algo ou alguma entidade, criou o universo;

A ciência ela não possuí uma posição em relação a criação do universo, mas a ciência aponta para alguma direção até que essa direção seja confirmada.

Por exemplo, a ciência não pode demonstrar que algo surgiu do nada e da mesma forma não pode demonstrar se algo pode ser criado a partir do nada. Neste ponto, os cientistas evitam trocar os pés pelas mãos, até o momento que possam evidenciar de alguma forma que algo pode surgir do nada sem a necessidade de uma entidade como deus. Já que 'deus' não é algo observável e não existe evidências para sua existência.

Do outro lado da moeda, temos os teístas e também os agnósticos, assim como qualquer pessoa que acredite que o universo foi criado. São estás pessoas que dizem que o universo foi criado, e que a oposição, ou seja, o surgimento do nada é puro absurdo. Eles tomam o lado de um dos dois lados da moeda e dizem ser verdadeiro o lado que escolheram.

Se a ciência que a é a melhor ferramenta já criada pelo homem, não pode ter essa resposta, como essas pessoas que acreditam na criação do universo, podem afirmam o que a ciência não afirma? Com que autoridade? Eles possuem um melhor método ou ferramenta do que a ciência? Acredito que não, e isso por si só, deveria invalidar a opinião em relação a um deus, se eles não podem evidenciar o que acreditam, ninguém é obrigado a se arriscar, ao menos não deveriam.

A resposta logicamente é não, e por isso existe a necessidade dos argumentos, como o argumento de Kalam.

O argumento de Kalam é explicito em ralação a causa primária, por outro lado, ele não afirma em nenhum momento que essa causa, NÃO PODE SER DE FORMA ALGUMA O 'NADA'. 

Se observar as premissas, elas estão logicamente válidas, mas elas acabam se perdendo, ao aceitar uma certa informação como verdadeira e excluir o oposto, como provável causa primária do universo.

Se utilizar o argumento de Kalam, não nos serve de muita coisa, porque, não evidencia que o nada não pode ser de fato a causa primária.

Em minha opinião este argumento de Kalam é irrelevante, já que serve tanto para o universo surgir do nada como vale também para o universo ter um criador. Isso sem contar que o 'nada' tem as mesmas qualificações e características Divinas, como onipotência, onipresença, eterno, atemporal e assim por diante.

Essa análise tem consequências drásticas em argumentos como o Argumento ontológico e o Argumento do ajuste fino.

Como que para defender algum deus, utilizam esses três argumentos, podemos observar que o oposto é válido em todos, já que nenhum desses argumentos nem se quer afirma que algo não possa surgir do nada sem a interferência de alguma entidade, estes argumentos não negam o nada, apenas 'diminuem' de alguma forma essa possibilidade sem excluí-la. Pena que os teístas realmente acreditam muitas vezes no oposto.

O argumento ontológico, se utilizarmos o nada, é tão valido como seu oposto, podemos observar que:

- Se o nada é necessário em algum universo, ele seria necessário em qualquer universo
- O nada pode criar uma pedra tão grande que não pudesse suportar? e  fazer um Triângulo quadrado?

O argumento do ajuste fino também é totalmente válido, pois se algo veio do nada, e estamos aqui, isso quer dizer que o argumento do ajuste fino, vale tanto para que o universo seja criado e também tão válido quando o universo tenha surgido do nada sem a necessidade de alguma entidade.

Perceba que NENHUM DOS ARGUMENTOS evidenciam de forma alguma, que do nada, nada vem, sem a interferência de alguma entidade, o que implica que, eles ignoram ou acham um absurdo essa possibilidade do nada e mesmo sem qualquer informação ou evidência, negam essa possibilidade e da mesma forma, aceitam o lado oposto, sem qualquer evidência para a posição que aceitam.

Neste caso, o motivo tende a ser pessoal. Esse artigo serve tanto para ateus como teístas, se utilizam algum dos argumentos mencionados acima, para justificar uma crença ou não crença, eu não me importo que tu és ou deixa de ser, a partir do momento que nega o oposto sem qualquer evidência para o mesmo, seu argumento é irrelevante, quer queira quer não queira.

Por isso a aposta de Pascoal também é irrelevante, já que obriga a aceitar uma posição, como ganho ao dizer que a pessoa não perde nada se escolher um lado.

TODA VEZ QUE ESCOLHER UM LADO tenderá a perder e ganhar algo em troca , mas não é sábio fazer tal escolha, quando o que está em jogo é a vida, quando o que está em jogo é a sobrevivência e continuação da Humanidade, quando o que está em jogo é a melhor convivência entre nós humanos de forma a trazer paz, a trazer equilíbrio. 

Como podemos viver melhor, se ao escolher um lado automaticamente negamos a sua oposição? Como podemos aceitar algo que condena ateus, teístas de outros segmentos, que matam homens e mulheres, que pregam absurdos, que querem que nos coloquemos na mesma situação que eles da qual, dizem ser feliz mas negam qualquer outra forma de felicidade.

Existe algo tão maligno quanto isso?

Quando deixar seu Ego de lado, e compreender que escolher uma posição não te torna melhor ou superior, perceberá que o motivo da humanidade ser exatamente como ela é, é por causa de milhares de pessoas que escolheram uma posição baseada na aposta de Pascoal, mesmo sem saber sobre o que ela é.

Hoje, temos a certeza que, qualquer país que é baseado em livros como a bíblia, o corão e o Tanach, ignoram valores básicos para um melhor convívio entre nós, a humanidade. São poucas pessoas no mundo que compreendem e não impões aquilo que acreditam e que raramente se afastam de pessoas por causa de uma posição.

Por isso a ciência é superior e muito melhor, já que ela não se importa com o que tu é ou deixa ser, se vai utilizar para o bem ou para o mal o conhecimento.

Coloquei este argumento para que venham objeções. Portanto já sabem o que fazer.




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Item Reviewed: Tentativa I - A irrelevância do Argumento de Kalam Rating: 5 Reviewed By: Gabriel Orcioli