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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Estuprada aos 11, Mãe aos 12 anos, salva aos 13 anos! Obrigada mãe!

Uma história como milhares de outras histórias. Comovente. Linda. As falhas de nosso governo devem ser sanadas para que em momentos em que acontecer como aconteceu nessa história, a mulher ou homem possam ter um teto e serem mantidas. Afinal de contas ser expulsa de casa, abusada e ainda por cima não ter ninguém disposto a ajudar quando se precisa, é algo desumano. Confira uma das histórias mais emocionantes que já li.



Nasci no estado de Pernambuco, minha mãe e meu pai se separaram quando eu completei exatos 11 anos. Minha mãe temendo ficar sozinha, arranjou outro para como ela dizia “cuidar dela e da gente”, acreditava que nunca conseguiríamos respeito e paz sem um homem em casa, éramos só nós duas, meu pai havia desaparecido.

O namorado da minha mãe se mudou pra nossa casa e em menos de um mês, ele já invadia meu quarto e me violentava pela primeira vez. Eu não disse nada, e durante os meses seguintes foram assim. Até que meu corpo começou a mudar e antes que eu me desse conta do que era, nascia meu filho, num dia quente de verão. Minha mãe esperou algumas horas, arrumou uma sacola com roupas pra mim enrolou o meu filho numa manta velha que ela usava para cobrir nosso cachorro e me colocou pra fora de casa com meu filho. Ele não chorava, mas eu sabia que estava vivo, mesmo não sendo comum naquela época seus olhos já me encaravam, acho que queria me dar forças. Tudo foram tão rápido que eu não consegui nem falar direito com a minha mãe, eu só pedia que ela não fizesse aquilo, que eu ia me comportar, eu nem sabia ao certo o que falava ainda me recuperava do parto sofrido, tudo em mim era pequeno, ainda em desenvolvimento, foi um parto de muita dor, perdi muito sangue e mal me mantinha em pé.

O meu padrasto chegou ao exato momento que eu seguia cambaleando pelas ruas de terra da pequena vila, o ano era de 73. Não havia muita esperança pra mim. Eu não conseguia nem chorar, queria ser forte pro meu neném.
O causador de tudo, o meu padrasto, me colocou na sua carroça e me levou para um sítio abandonado, lá havia uma casa velha, e nada mais.
Ele mandou que eu descesse e disse que eu poderia ficar lá, por três meses e depois que eu desaparecesse porque ele iria vender aquelas terras que havia a pouco herdado.
Foram dias tenebrosos, mas consegui manter meu filhote vivo, minha determinação não me deixou sucumbir. 

Dormimos a primeira noite juntinhos, como se ele ainda estivesse dentro de mim. Graças a Deus, eu tinha leite sempre que sua pequena boquinha procurava-me. Passei imensos apuros, aprendendo como cuidar do umbigo, cuidar de mim também, chorar não era uma opção que eu deixava me dominar.

Os dias se passaram, ele era um bebezinho lindo. No sitio abandonado havia pés de frutas, não passei fome e continuava tendo leite para ele, a água eu ia tirava de uma cisterna, deu pra sobreviver. Mas, eu sabia que logo mais iriam me expulsar dali.

Os três meses passaram e ninguém veio me tirar dali, eu já não queria partir, tinha limpado a casa, tornado-a habitável, dormíamos sob um colchão improvisado feito com palha, e limpava todos os dias e o lado do meu neném com roupas e roupas para ficar o mais macio possível. Ele não tinha roupas, era enrolado com roupas minhas e velhas, todos os dias eu tirava água da cisterna limpava tudo e assim foram os dias. Não podia deixar meu neném de qualquer jeito.

Sem esperar ele aparecer, fui andar por aquele lugar, pedir ajudar, alguém de repente podia me ajudar, comer somente frutas, ou mesmo algumas verduras, sem fogo, sem como fazê-lo com um bebezinho, tinha medo de não agüentar por muito mais tempo aquilo.

Andei debaixo do sol, por algumas horas, até encontrar uma casinha. Bati na porta. Uma senhora me atendeu. Antes que eu pudesse falar, ela pediu que eu entrasse. Logo pegou meu filhinho e foi me sacolejando ele até a cozinha. Vinha um cheiro maravilhoso da cozinha. Comecei a contar o que tinha acontecido comigo. Não pensei direito o que falava, mas, eu estava tão cansada e com tanta fome, não podia controlar as palavras. A senhora olhava para a minha criancinha com tanto carinho e sorria. Seus olhos estavam cheios de lágrimas. Eu sentei a mesa. E ela continuou de pé, olhando pro meu bebezinho e pra mim, e disse que agora eu estava em segurança. Aquilo encheu minha alma de esperança.

Ela pediu que eu me levantasse e a seguisse, na verdade eu queria era ficar na cozinha curtindo aquele cheiro maravilhoso. Mas, a segui. Tinha um quarto arrumado com um pequeno berço. Fiquei impressionada. Ela colocou meu filho na cama que estava ao lado do berço, abriu o guarda-roupa rústico e tirou algumas roupinhas de bebezinho. Era a primeira vez que ele usava aquelas roupas. Naquele momento eu percebia que nem nome tinha dado ao meu neném. Ela perguntou qual era o nome. Fiquei sem responder e ela o chamou de Lucas. Eu sorri e assenti com a cabeça. Era tudo tão estranho e tão lindo. Como dizer que não existe Deus nessas horas?
Ela o arrumou e o deitou no berço. Ele estava sonolento, tão cansado quanto eu da caminhada, dos meses sem alimentação adequada.
Antes que eu pudesse perceber, fui adotada como filha e meu neném como neto. A senhora que nos abrigou, morava sozinha tinha perdido há alguns anos, sua família. Seu marido ao voltar da cidade, com a filha e o genro após ela ter dado a luz ao seu netinho, bateu violentamente contra o carro deles. Morreram todos. 
Explicar como isso aconteceu só Deus, só Deus pra explicar. Pra dizer como pude bater na porta da pessoa certa.

No ano seguinte, ao nosso encontro mudamos para São Paulo. Minha mãe vendeu todas as suas propriedades, que por incrível que pareça havia muitas.
Tudo para que eu pudesse estudar. Eram esses planos deles, antes do acidente que matou sua família.
Minha mãe faleceu mês passado. Sim, porque a considerei desde então, como minha mãe, minha única mãe. Pois ela me permitiu estudar, ela me deu todo o apoio pra eu me tornar uma professora, uma mãe descente para meus filhos. Casei com um homem de caráter extraordinário. E meu filho, meu primeiro filho a tinha também como mãe.

Uma pessoa que me fará falta, uma pessoa enviada pelos anjos. Quando nos encontramos nossos mundos estavam ruídos e Deus cruzou nosso mundo para que pudéssemos nos amar e cuidar uma da outra. Minha amiga, minha mãe, meu amor maior.
Deus, muito obrigada por ter me concedido a oportunidade de conhecê-la.
E agradeço a vocês do Blog Mulheres Cafajestes permitir que eu contasse essa história de amor e milagre.
Obrigada!

Luzia.
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